sexta-feira, 18 de junho de 2010

CARLA, UMA SUIPANA LEGÍTIMA, NOS MANDA UM DEPOIMENTO EMOCIONANTE

----- Original Message -----
From: Carla de Oliveira Trigueiro
To: falabicho@falabicho.org.br
Cc: carla@
Sent: Friday, June 18, 2010 2:16 PM
Subject: SUIPA - desabafo de uma suipana

Estou acompanhando perplexa tudo o que está acontecendo na SUIPA, com a SUIPA. Me parece um filme de ação daqueles em que os terroristas se infiltram para instalar bombas e saem do local naturalmente, sem deixar rastros, preparados para apertarem o botão detonador quando já estiverem bem longe. Assim, assistem de camarote tudo indo para os ares através da repercussão da mídia que, por sua vez, carece de "fatos" para garantir a produção de suas matérias. Eu, como jornalista, lamento existir tão pouco aquele jornalismo investigativo de antigamente, em que antes de publicar era preciso ouvir as duas partes. Hoje, o cenário parece bastar para que cada um conte a história que quiser. Dane-se a causa, bastam os efeitos. E a SUIPA está assim: perdendo preciosos colaboradores, com contas ainda mais asfixiantes para pagar, e com a mesmíssima realidade para enfrentar: um abrigo cheio de animais que dependem dos serviços que a casa oferece.

Sou testemunha da luta da presidente Isabel Cristina, e de sua equipe para cuidar de tantos animais. Sou testemunha porque eu frequento a SUIPA, e eu vejo de perto. A eutanásia, que também entrou em "pauta", seria uma solução para reduzir a quantidade de animais e as despesas? Como eu já adotei cães idosos, carentes de tratamento médico, que são grandes amores meus e de quem os conhece, jamais poderia dizer que sim. Definitivamente este não é um caminho inteligentemente "humano" para resolver nada. Administrar a SUIPA, e tantas vidas não humanas, não é como administrar uma empresa em que se troca um equipamento por outro através do descarte. É complexo. São vidas não humanas, que merecem respeito, e não pode haver opção de "descarte". E os que dizem sentir pena de castrar seus animais? Já cansei de ouvir: "Ah... tadinhos... tem que cruzar pelo menos uma vez..." E fazem o quê, com os filhotes?

Já vi várias caixas cheias de filhotes serem entregues na SUIPA. Porém, é melhor do que ver dentro de rios ou no meio da rua à espera de um carro que os atropele. Quem, em sã consciência, acha que ir para a SUIPA é pior? E o que a equipe da SUIPA deve fazer numa situação dessas? Recusar os animais? Um protetor JAMAIS faria uma coisa dessas. Será que isso é tão difícil de entender? Se não há entendimento, que pelo menos haja respeito. Se as dependências pouco chiques da SUIPA incomodam, que seja feita uma campanha entre os sócios, um mutirão, ou qualquer coisa do gênero. Críticas e sugestões sempre são bem vindas. Como ter sangue frio para testemunhar o abandono de aproximadamente 50 animais POR DIA na porta da SUIPA? E aí estão incluídos aqueles donos miseráveis, com o inferno à sua espera, que são covardes o bastante para levar seus animais idosos com a desculpa de que não têm mais condições de tratá-los. Ou mentem dizendo que os encontraram na rua. A equipe suipana precisa de estômago para encarar isso todos os dias. É preciso ver de perto para crer que a maioria de nós não aguentaria...

Há também os que "cruzam" seus animais para vender os filhotes em pet shops, em sites pela Internet, de porta em porta, em calçadas nos centros das cidades. É um hábito "encruado", enraizado, quase cultural que comprova como a alma humana pode ser miserável e ignorante. Adotei a campanha suipana que diz: "Pet shop legal, não vende animal." Não entro nesses lugares e faço campanha pelo boicote. Há os que compram para dar um cachorrinho de presente para o filho pequeno, como se estivesse comprando um brinquedo. QUE MUNDO É ESSE??? Sou a favor da esterilização, sou a favor de campanhas, sou fã da equipe médica suipana e posso dizer que melhor não há, comparando, inclusive, à uma clínica conceituadíssima da Zona Sul, onde nunca mais ponho os pés.

Quando fiz a minha primeira adoção, quase morri de pena de levar a minha velhinha ao lugar tão desconfortável onde ela viveu quase 11 anos após se recuperar de um atropelamento. Creio que é a primeira reação de qualquer pessoa que pisa na SUIPA pela primeira vez. Moradora de Laranjeiras, lá fui eu para uma clínica na Zona Sul do Rio de Janeiro. O próprio dono se dispôs a coletar o sangue da minha cachorrinha para um hemograma. Para isso foram necessárias VÁRIAS picadas sem sucesso até que me irritei com o médico, com a conta de 500 reais, e nunca mais saí da SUIPA. Lá se vão 5 anos. Benfica é longe? É um pronto socorro onde vemos de tudo? Falta perfume e música ambiente? Não interessa. O que interessa é que a SUIPA oferece o melhor atendimento para os nossos animais, e ainda cobra um preço incomparável ao do mercado.

Vocês já sabem que adotei velhinhos suipanos maravilhosos. E gostaria de compartilhar um recente caso que me aconteceu. Creiam: um deles quis voltar para a SUIPA. O Rickelme, mesmo com toda mordomia, quase morreu de saudades do Dr. João, o seu tratador. Ficou pouco mais de um mês na minha casa. Fui obrigada a ligar para o Dr. João e chamá-lo para uma avaliação porque o Rick madrugava chorando muito. A cama quentinha, a melhor ração, os florais, os passeios... nada adiantou. O Rickelme quando viu o seu "pai" chegando, parecia estar vendo o nascer do sol. O Dr. João disse: "Meu filho, você ganhou sozinho na loteria e jogou o bilhete fora." Aqueles que demonizam a SUIPA, que tirem, com essa história, as suas próprias conclusões.

E agora aparece um grupo para denegrir o que se mantém a duras penas, e denegrir a imagem da presidente da casa, Isabel Cristina? O que é isso, gente? Dia 30/06, pessoas de bem, e do bem, terão ótima oportunidade de se encontrar na ALERJ, às 10 da manhã. Não apenas para homenagear, merecidamente, as protetoras Isabel Cristina e Andrea Lambert, mas para mostrar que nossa corrente pode, e deve ser muito forte. E vale lembrar que dia 27/06 tem eleição na SUIPA, às 12h.

Que Deus abençoe a Isabel Cristina com muita força e saúde. Coragem ela tem de sobra.
Abraços a todos! Carla de Oliveira.