terça-feira, 12 de janeiro de 2010

VIRGINIA NOS CONTA UM POUCO DA HISTÓRIA

----- Original Message -----
From: Virginia Abreu de Paula
To: falabicho@falabicho.org.br
Sent: Tuesday, January 12, 2010 2:00 AM
Subject: :: COMENTARIO ::


Cara Sheila,

Quero dizer do tanto que estou satisfeita por ter encontrado seu blog com tantas novidades a respeito dos animais. Acabei de ouvir a entrevista com o professor que faz uma pesquisa com erva botão contra picadas de cobras e que também, é defensor do uso de animais nas experiências cientificas. Parece um contra senso, não é? No entanto, você levou a entrevista com muita sabedoria e diplomacia. Creio que você encontrou a forma correta de lidar com aqueles que ainda usam animais de uma forma que já não suportamos. Sem brigas, dando a todos o direito de dizer no que acreditam, e ao mesmo tempo, procurando achar o denominador comum. Muito bom mesmo. Senti muita saudades do meu pai ouvindo a entrevista porque ele foi pesquisador do Vital Brasil, ainda nos anos 30. Na verdade, ele foi secretário do Dr. Vital Brasil, e mantinha em nossa chácara, um serpentário para coleta de veneno que era enviado para o Butantã. Curiosamente, o meu pai, tinha grande afeto pelas cobras. Sabia pegar nelas com muito carinho. Quando ele fechou o serpentário, ( depois que muitas escaparam e invadiram residências) ele continuou a receber cobras que as pessoas traziam, quer fossem venenosas ou não. As venenosas, ele mandava para São Paulo. E as sem veneno ele soltava no habitat. Minha mãe um dia, perguntou a ele qual a razão disso. " Se não tem veneno e se vocè vai ter de sair para o mato depois, por que as recebe?" Ele respondeu assim: " Porque se eu não ficar com elas, vão matá-las." Eu não sei como eram alimentadas aqui. Quando nasci, o serpentário não mais existia. Mas posso bem imaginar que era com camondogos, não é? No entanto, foi meu pai quem me orientou a criar a Sociedade Norte Mineira Protetora dos Animais. Ele, como médico, cuidava dos cachorros da casa e dos gatos, numa época que não tínhamos veterinários na cidade, para animais pequenos. Isso mostra, para mim, que muitos cientistas, apesar do que fazem nos laboratórios, até mesmo gostariam de realmente achar alternativas, porque eles gostam dos bichos. Meu pai escrevia livros, e num deles chamado, " A Medicina dos Médicos e A Outra", ( referindo-se á medicina alternativa) ele fala de um "show" horripilante promovido pelo Dr. Vital Brasil, como algo muito natural. Fui eu quem datilografou o livro e quase caí dura ao ler que o Dr. Vital mostrava ao público o valor do soro, da seguinte forma. Colocava dois bezerros no palco e trazia um cobra venenosa que picaria os bezerros. Em seguida, dava soro num deles e deixava o outro morrer ali na frente de todos. E assim, ficava provado que o soro era confiável, visto que o outro bezerro se recuperava. Quanta maldade. Mas, na cabeça deles, dos médicos, não era maldade. Ainda não tinha caído a ficha. Eles realmente acreditam que os animais estão aqui para serem usados por nós de qualquer jeito e somos os seres mais importantes dos universos. Pois meu pai conta isso no livro sem fazer censura alguma ( e também sem elogiar) e, ao mesmo tempo, não permitia que nenhum filho usasse bodoques para matar passarinhos. E ainda baixou uma portaria no clube que criou, impedindo porte de armas e caçadas lá dentro. Ele dormia depois do almoço abraçado com um dos gatinhos da casa! Por isso acho que toda conversa com essas pessoas tem ser como você tem feito. Com respeito, com calma, mas também sem deixar de defender o que acreditamos. Espero que este canal para conversa com os cientistas realmente seja aberto. Como você bem disse, as escolas que deixaram de usar animais não estão erradas, então isso é possível. Fiquei animada também com a possibilidade de uma conversa séria e educada com os membros das religioes afro brasileiras. Ouvi a entrevista sobre o assunto, e algo não ficoiu claro para mim. Afinal de contas, usam ou não usam animais nos centros de umbanda? Ouvi dizer que não.
Virgínia