quinta-feira, 29 de julho de 2010

RITA FAZ UMA REFLEXÃO SOBRE A MATÉRIA COM O QUEIMADINHO


----- Original Message -----
From: Rita Cristina
To: "FALA BICHO"
Sent: Tuesday, July 27, 2010 3:24 PM
Subject: Queimadinho

Oi Sheila.
Como vc está?
Estava vendo a matéria do Queimadinho.
Concordo com vc sobre a impossibilidade de um animal que sofreu tanto voltar para uma vida em condições precárias. Um cavalo demanda espaço, cuidados veterinários e alimentação adequada.
Eu realmente acho inadmissível animais puxando caroça em área urbana e difícil que as condições de bem-estar desses cavalos sejam fiscalizadas.
O critério de bem cuidar fica com o proprietário que muitas vezes não tem condições nem de se cuidar. Estou morando numa cidade onde as pessoas têm um pé no campo. A zona rural é referência de origem. As pessoa, muitas de classe média e alta, sempre dizem "Tô indo pra roça nesse fim de semana" e a tal da roça fica a 15 minutos de distância...
Aqui é comum ver carroceiros. Eles foram criados usando cavalos e dificilmente os trocarão por um veículo. Só que observo diferenças de tratamento. Há um sr. muito humilde, sem cuidados, e o cavalo se parece com ele. Já outro, quando para, põe o cavalo na sombra. Já o vi levando água pro animal e observo, as vezes, pontos com pomada ou aquela violeta. Ou seja, ele cuida. Menos mal...Uma vez o escutei conversando e dizendo que um animal gasta R$ 70,00 por semana de manutenção. Quer
dizer, mesmo num lugar de cultura rural, que ainda exibe essas caroças,o gasto não é pequeno para pessoas humildes, além do fato que urbano e rural estão se fundindo de tal maneira que o animal está em risco. Tenho certeza que muitas pessoas ficarão mais preocupadas com danos a carros e motos do que correrem pra socorrer um cavalo atropelado! Por outro lado, o velhinho que vive do trabalho realizado junto com o cavalo, sempre fez isso e depende dessa renda. É uma questão bem delicada.
Em primeiro lugar, concordo com vc quanto a impossibilidade de o Queimadinho voltar "para casa". Entendo sua crítica ao programa. Mas gostaria de, apesar de endossar sua opinião, ser tb "advogada do diabo".
Não é ruim que uma emissora mostre uma família e crianças chorando por um animal brutalizado e passe a idéia de o animal ser uma parte dessa família. Esse tipo de empatia deve ser divulgado e encorajado. Cavalo não é "pet" (tb não gosto termo, parece bibelô), é um animal que domesticamos, mas não vive dentro de nossos lares, portanto demanda outro tipo de tratamento, porém não menos respeitoso.
Eu entendo que os "donos" do Queimadinho precisassem dele para ganhar o pão, porém vivemos em cidades com outro tipo de força motriz e um ser vivo demanda cuidados que não são os mesmos de um carro ou uma moto. A pluralidade de situações sócio-econômicas que vivenciamos diariamente nos traz situações de muitas nuances.
Fiquei tocada com as demonstrações de carinho da família, mas o que me chamou a atenção é que o cavalo retribuiu esse carinho, portanto não foi uma cena montada. A gente percebe que ele tem afeto por aquelas pessoas.
E aí está a questão:
Esse animal tem direito a uma vida melhor, logo a sua "propriedade" (odeio esse termo, mas é lei) deve ser de outro responsável.Todavia, creio que essa família tem direito a visita, pois o afeto do animal tb deve ser respeitado. Como esse cavalo (tb não gosto do fato, mas é com a realidade que devemos lidar) era o "ganha pão" de uma família humilde e que tb foi agredida por sádicos marginais, é possível que a justiça lhes devolva o animal. O que não é o certo, porém há essa possibilidade e é
muito forte. Tirar simplesmente o Queimadinho dessa família pode ser entendido pelos monstros que cometeram a atrocidade como uma vitória.
Portanto, o que e como fazer? Creio que a campanha para não devolver o Queimadinho deve estar centrada na necessidade de um local adequado para o animal e que essa família tb esteja envolvida na adaptação do animal no novo espaço.
Estou comovida com a polícia montada aí do Rio e talvez algum desses policiais possa dar uma luz para esse caso. Ou até algum protetor, que lide com cavalos. Há alguém?
Conheço gente que para libertar um animal de sofrimento, comprou o bichinho do agressor, aliás até eu seria capaz de fazer o mesmo. CALMA SHEILA: Medida extrema, que entendo, porém não é admissível que a proteção animal incentive compra de um animal, seria um contrasenso. De qq maneira, não se pode mostrar uma família humilde e desfavorecida por uma carência social endêmica desse país como o problema. Fico pensando, pq quando ofereceram um outro animal a essa família, não pensaram em
doar um veículo?
São elucubrações Sheilinha, só que é uma situação delicada.
Bj.