domingo, 21 de fevereiro de 2010

VIRGINIA ANALISA A QUESTÃO DA ILHA E SEUS DEVANEIOS

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Sent: Sunday, February 21, 2010 1:00 AM
Subject: :: COMENTARIO ::

Confesso aqui que nunca li o livro Dom Quixote na íntegra. Lembro que tinha um em casa do meu tio Antônio em Belo Horizonte. E até comecei a leitura, mas não foi concluída por ter voltado para minha cidade antes do término. Assim, não posso entrar nesse debate com muita segurança porque não sei se Cervantes fala sobre touradas em seu clássico. Mas, se touradas como a retratada pela escola de samba ainda não existiam naquele tempo, conforme nos informa nossa querida Sheila, acho impossível que ele as tenha descrito com imaginação de Dom Quixote. A menos que tenha falado sobre outro gênero de tourada e eles tomaram a liberdade de apresentar a tourada como nos dias atuais. Se assim foi, podem alegar que estavam apenas falando sobre os devaneios do personagem do enredo escolhido. Mas, por que razão tomaram tal liberdade, sendo que esse tipo de tourada é de uma crueldade de impressionar a qualquer pessoa mais ou menos sensível? Eu acho que nem imaginaram que estavam, na verdade, fazendo um elogio às touradas e não sabiam que se trata de um crime. Ficaram surpresos e não tiveram a humildade de reconhecer que cometeram um ato impensado. Afinal de contas, poderiam muito cantar Dom Quixote sem essa tourada, visto que tal tipo de tourada não é parte do livro. Evidentemente que a idéia de falar sobre o famoso cavaleiro e seu Sancho Pança, é excelente. Ninguem contesta o tema do enredo. O problema é a inclusão de uma tourada não cantada pelo autor do livro e que, de quebra, da forma como feito, é sim uma apologia de um crime. Eles dizem que, na verdade, não aprovam as touradas, e que ofereciam rosas como simbolo do amor, ao contrário do que acontece na Espanha, onde o público é que joga rosas aos toureiros. Ora, se assim fosse, deveriam ter deixado isso bem claro. E teria até a nossa aprovação. Uma dança de carnaval contra as touradas seria magnifico. Como foi apresentado porém, passa uma idéia de serem totalmente a favor. E incentivar algo que é crime é também crime. Caros amigos da União da Ilha, eu adoro o carnaval de vocês. Sim, é rico, é lindo, é cultura brasileira. Mas, dessa vez, vocês pisaram na bola.
Virgínia